Pular para o conteúdo principal

Em três anos, três personagens, mudam a cidade.


Em 1928, veio para Carmo da Cachoeira, como vigário da paróquia, o Cônego José Dias Machado, baiano de grande cultura, orador extraordinário e que, com as suas pregações, apreciadas até pelos não católicos e a organização de associações religiosas, conseguiu atrair o povo para o arraial, de tal sorte que os domingos e dais santificados se tornaram como dias de festa em anos anteriores. Resolvendo desmanchar a velha matriz e construir outra mais de acordo com as necessidades da paróquia, organizou uma comissão de pessoas importantes do lugar, entre as quais mais uma vez se destacou o Capitão Francisco de Assis Reis, que foi um baluarte das obras. O resultado, é a matriz que aí está.

As consequências destes acontecimentos não se fizeram esperar. Como que um sopro de vitalização percorreu o distrito e o povo, antes tão frio e desanimado, parece que foi tomando gosto pelas coisas de sua terra. Casa velhas começaram a ser desmanchadas e em seu lugar foram construídas outras de estilo mais moderno, tendo sido as primeiras a do Sr. Manoel Naves e que hoje pertence à família do Sr. José Bressane de Sant'Ana, a do Vereador Antônio de Rezende Vilela e a do Sr. João Vilela de Rezende. Outras foram surgindo depois e, assim, o arraial foi tomando novo aspecto.

Aquele período de quatro anos incompletos, de 1926 a 1930, marcou o início de uma nova era para Carmo da Cachoeira, que deve a sua transformação principalmente àquelas três personalidades, infelizmente já todas falecidas:

- os cachoeirenses Antônio de Rezende Vilela e Capitão Francisco de Assis Reis e o baiano Cônego José Dias Machado, falecido num asilo do Rio de Janeiro.

Prof Wanderley Ferreira de Rezende

trecho do Livro: Carmo da Cachoeira: Origem e Desenvolvimento.

Próxima matéria: Wandico e as primeiras tentativas de emancipação.
Matéria Anterior: A eleição de um verdadeiro representante da cidade.

Comentários

Anônimo disse…
João Antonio Naves, casado com dona Ignácia Constância de Resende; Theodoro Antonio Naves, casado com dona Leopoldina de Resende,em 28.10.1882 participam de partilha de bens deixados por sua mãe e sogra, dona Anna Rosa de Sampaio (Sam payo), tendo como testemunha Antonio José Pereira e no termo da cidade de "Bom Successo".
Anônimo disse…
Modesto Antonio Naves e sua mulher possuíram partes de casa no Arraial do Carmo da Cachoeira, "cita no lugar em que segue-se o arruamento da Estrada Comercial de São João Nepomuceno/Três Corações do Rio Verde e posses de posses de Joaquim Ferreira de Azevedo e Thomé Monteiro da Costa, a direita pela rua que segue-se para a estrada de Lavras e a esquerda pelo mesmo tapume das cazas - cujas partes elle outorgante houve por compra feita a Modesto Antonio Naves e sua mulher em fev. 1887.
Anônimo disse…
Theodoro Antonio Naves, Joaquim Pedro de Rezende; João Antonio Naves, José Alves de Figueiredo e Gregório Alves de Figueiredo, no exerc[icio de 1886/87, pagam ao Colletor a importâcia de sete mil réis (...), recebida das pessoas acima citadas, pelo imposto de N. S. das Dores, da compra que fazem a Antonio Severiano de Gouvêa de uma morada de caza terreno e mobilia citas na freguesia de Cachoeira e no largo da Matriz em 28.06.1887. Coletor Francisco José Gomes.
Anônimo disse…
Aparecem os seguintes nomes em um documento ilegível, pelo péssimo estado de consevação, mas que consegue-se se ler o seguinte:
Antonio da Costa Oliveira, casado com Carolina Purcina dos Reis. Ela com 3 anos em 1829; Antonio Pereira de Gouvêa, casado com dona Ana Ludovina de Abreu e José Pereira de Gouveia, casado com Rosa Maria de Jesus, filhos de Mariana Felisbina e Antonio Pereira de Gouveia, falecido em 02.04.1829. São João Nepomuceno.

Tem um nome fora do grupo, mas entre muitos borrões. É o de Manoel Francisco de Oliveira, casado com Francelina de Arantes.
Anônimo disse…
JOSÉ PROCÓPIO DE ABREU CARVALHO, procurador de Ladislau José Naves, residente em Dores da Boa Esperança através de procuração, vende terras na FAZENDA DA ABELHAS e vende-nas em 12 de maio de 1888 a JOÃO ANTONIO NAVES. Coletoria de Bôa Esperança. O curador da mentecapta Maria, Ladislau José Naves, pede licença para vender uma sorte de terras na Fazenda das Abelhas, freguesia de Carmo da Cachoeira
Anônimo disse…
José Pereira de Carvalho, morador na Freguesia de Congonhas, tutor nato de seus filhos por morte de sua senhora Anna Umbelina Villela de Cavalho, nomeiam procurador na Cidade de Boa Esperança e no Sapucahy os advogados Francisco da Silva Campos em 1887 (...) contra João Vilella Fialho. Testemunhas: José Henrique Vianna e Antonio Pinto Magalhães. "Ilmo Snr Collector das vendas gerais e (ilegível/indecifrável) digo provinciais". "Terras da Fazenda da Boa Vista, compradas de José Pereira de Carvalho, isto por terem sumido os talões que foram tiradas pela suppe. e entregue ao tabelião ora falecido"
Anônimo disse…
"Fazenda Agrícola do Capitão Augusto Ribeiro Naves, a Fazenda de São Marcos, Distrito da Cachoeira, possui uma área de 70 alqueires, sendo 10 em cafezaes, produzindo em media 1.500 arrobas de café por safra. Sua indústria pastoril, embora em pequena escala, devido ao acanhado da área, é seleccionada com a criação de 70 rezes mais ou menos". Álbum de Varginha. Sylvestre Fonseca e João Liberal, p. 157.

Augusto Ribeiro Naves, filho Inácia Constancia de Figueiredo e João Naves foi casado com dona Olímpia Generosa, descendente da Família "Souza Meirelles", através de José de Souza Meirelles e Generosa Clementina Vilela, avós de Olímpia Generosa).

Mais lidas no site

Tabela Cronológica 10 - Carmo da Cachoeira

Tabela 10 - de 1800 até o Reino Unido - 1815 - Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - 1815 ü 30/Jan – capitão Manuel de Jesus Pereira foi nomeado comandante da Cia. de Ordenanças da ermida de Campo Lindo; e ü instalada a vila de Jacuí . 1816 1816-1826 – Reinado de Dom João VI – após a Independência em 1822, D. João VI assumiu a qualidade e dignidade de imperador titular do Brasil de jure , abdicando simultaneamente dessa coroa para seu filho Dom Pedro I . ü Miguel Antônio Rates disse que pretendia se mudar para a paragem do Mandu . 1817 17/Dez – Antônio Dias de Gouveia deixou viúva Ana Teresa de Jesus . A família foi convocada por peritos para a divisão dos bens, feita e assinada na paragem da Ponte Falsa . 1818 ü Fazendeiros sul-mineiros requereram a licença para implementação da “ Estrada do Picu ”, atravessando a serra da Mantiqueira e encontrando-se com a que vinha da Província de São Paulo pelo vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, na alt...

A organização do quilombo.

O quilombo funcionava de maneira organizada, suas leis eram severas e os atos mais sérios eram julgados na Aldeia de Sant’Anna pelos religiosos. O trabalho era repartido com igualdade entre os membros do quilombo, e de acordo com as qualidades de que eram dotados, “... os habitantes eram divididos e subdivididos em classes... assim havia os excursionistas ou exploradores; os negociantes, exportadores e importadores; os caçadores e magarefes; os campeiro s ou criadores; os que cuidavam dos engenhos, o fabrico do açúcar, aguardente, azeite, farinha; e os agricultores ou trabalhadores de roça propriamente ditos...” T odos deviam obediência irrestrita a Ambrósio. O casamento era geral e obrigatório na idade apropriada. A religião era a católica e os quilombolas, “...Todas as manhãs, ao romper o dia, os quilombolas iam rezar, na igreja da frente, a de perto do portão, por que a outra, como sendo a matriz, era destinada ás grandes festas, e ninguém podia sair para o trabalho antes de cump...

A família do Pe. Manoel Francisco Maciel em Minas.

A jude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço " comentários " para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região. Próxima imagem: Sete de Setembro em Carmo da Cachoeira em 1977. Imagem anterior: Uma antiga família de Carmo da Cachoeira.

Mais lidas nos últimos 30 dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira de 1800 até 1814

Carmo da Cachoeire: Leonor Rizzi e o poder do conhecimento histórico local Publicado neste site em 5 de fevereiro de 2009, o quadro intitulado “ Tabela Cronológica 9 – de 1800 até o Reino Unido ” , elaborado pela professora Leonor Rizzi , é mais do que uma sequência de datas: é um exercício de reconstrução paciente da história local a partir de vestígios dispersos. Em vez de olhar apenas para o “grande cenário” do Império português e das transformações políticas do início do século XIX, a autora acompanha, em detalhe, o que se passava na região que hoje reconhecemos como Carmo da Cachoeira : fazendas que se consolidam, capelas que se erguem, famílias que se fixam, instituições que se organizam. Esse tipo de pesquisa minuciosa, ancorada em registros paroquiais, inventários, sesmarias e documentação administrativa, devolve à comunidade algo que costuma ser monopolizado pelos manuais escolares: o direito de se reconhecer como sujeito da própria história. Ao relacionar acontecimentos lo...

Leonor Rizzi e os Selos do Sesquicentenário de Carmo da Cachoeira

  O Resgate da Memória em Milímetros: o Legado da Profª Leonor Rizzi O Selo como Documento de Resistência Histórica Os estudos de história costumam dar atenção aos grandes monumentos, às decisões políticas e às grandes crises econômicas. Porém, muitas vezes a identidade de um povo se apoia em coisas pequenas: objetos do dia a dia e iniciativas que, à primeira vista, parecem simples, mas guardam muito significado. Em 15 de janeiro de 2008, Carmo da Cachoeira , no sul de Minas Gerais, viveu um desses momentos discretos e importantes. Naquela data, a professora Leonor Rizzi , referência na preservação da memória do município e na proteção animal, pediu à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) a criação de uma série de selos personalizados. Esse gesto não foi apenas uma formalidade ou uma comemoração comum. Ao encomendar quatro modelos diferentes de selos para marcar o sesquicentenário da Instituição Canônica da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, a professora Leonor encontrou ...

Carmo da Cachoeira – de 1815 até 1821

Publicada em 15 de fevereiro de 2008 pela professora Leonor Rizzi , esta tabela acompanha um período curto em anos, mas denso em mudanças: é o momento em que o Brasil deixa de ser apenas colônia para integrar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815), vê a circulação do café avançar sobre Minas, assiste à transformação de capitanias em províncias e presencia o retorno da Corte a Lisboa. Enquanto os livros de história contam esse processo em linhas gerais, aqui o movimento é visto através de lupa: nomes de fazendas, vilas recém-instaladas, estradas requisitadas, inventários, listas de moradores e decisões administrativas que moldam o sul de Minas. Talvez por isso esta tenha se tornado, ao longo dos anos, a tabela mais procurada no site, foram 66.800 acessos: nela se cruzam a visão macro da política imperial e os detalhes concretos de lugares como Campo Lindo , Ponte Falsa , Serra do Carmo da Cachoeira , Varginha ainda chamada Espírito Santo das Catanduvas . O que em manuais ...

Mais Lidas nos Últimos Dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira de 1800 até 1814

Carmo da Cachoeire: Leonor Rizzi e o poder do conhecimento histórico local Publicado neste site em 5 de fevereiro de 2009, o quadro intitulado “ Tabela Cronológica 9 – de 1800 até o Reino Unido ” , elaborado pela professora Leonor Rizzi , é mais do que uma sequência de datas: é um exercício de reconstrução paciente da história local a partir de vestígios dispersos. Em vez de olhar apenas para o “grande cenário” do Império português e das transformações políticas do início do século XIX, a autora acompanha, em detalhe, o que se passava na região que hoje reconhecemos como Carmo da Cachoeira : fazendas que se consolidam, capelas que se erguem, famílias que se fixam, instituições que se organizam. Esse tipo de pesquisa minuciosa, ancorada em registros paroquiais, inventários, sesmarias e documentação administrativa, devolve à comunidade algo que costuma ser monopolizado pelos manuais escolares: o direito de se reconhecer como sujeito da própria história. Ao relacionar acontecimentos lo...