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Sermão do Encontro em Carmo da Cachoeira.

Meus irmãos e irmãs, mais uma noite nos reunimos para refletir os mistérios da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Hoje, de forma muito especial, voltamos nossos olhares para o Encontro de Maria Santíssima com seu filho amado, Jesus Cristo.

Jesus teve muitos encontros ao longo de sua vida. Encontros que marcaram sua passagem pela Terra e nos ajudam a refletir nesta noite.

“Naqueles dias, Maria partiu apressadamente para a região montanhosa, dirigindo-se a uma cidade de Judá. Ela entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou de alegria em seu ventre” (Lc 1, 39-41ª).

Podemos destacar como um dos primeiros encontros de Jesus o que aconteceu entre ele e João Batista, ainda no ventre de suas mães. O precursor se encontra com o salvador e se alegra ao ponto de pular no ventre de sua mãe. Com certeza esse momento marcou a vida dos dois fetos que se formavam no seio de Maria e Isabel. Ambos já eram amados pelas suas mães, eram cuidados com carinho desde a entranha materna. Jesus marca tão fortemente a vida das pessoas, as nossas vidas, que mesmo na barriga de sua mãe pôde fazer com que João Batista se alegrasse com a sua presença. A vida de João Batista se configurou a do Mestre Jesus, desde o momento em que se encontraram. Podemos perceber aqui que o feto, mesmo dentro da barriga da mãe, já tem vida e sente o quanto é amado ou não. Jesus foi muito amado, João Batista foi muito amado, por isso suas vidas foram tão significativas.

“Caminhando a beira do mar da Galiléia, Jesus viu Simão e o irmão dele, André, lançando as redes ao mar, pois eram pescadores. Então lhes disse: ‘Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens.’ E eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram.” (Mc 1, 16-18).

Nesta passagem Jesus se encontra com Pedro e seu irmão André. Como é forte a presença de Jesus, como ela muda nossa forma de pensar e agir. Jesus desinstala-nos do nosso modo de ser. Pedro e André não perguntaram nada a Jesus, não tiveram dúvidas em relação a sua palavra. Apenas o seguiram. Só a presença de Jesus já transmitia confiança, seu olhar revelava amor e verdade. Pedro e André não duvidaram, aquele era o encontro de suas vidas! E nós? Quantas dúvidas temos em relação a nossa fé, em relação à pessoa e a verdade que é Jesus. Não levamos a sério nosso encontro com ele na Eucaristia, nos sacramentos, pessoas dos nossos irmãos e irmãs.

“Veio uma mulher da Samaria buscar água. Jesus lhe disse: ‘Dá-me de beber’! E depois de conversar com ele a mulher respondeu: ‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir aqui tirar água’.” (Jo 4, 7.15)

Mais uma vez Jesus transforma a vida de alguém. Dessa vez é a mulher samaritana. Bem sabemos que os samaritanos não se davam com os judeus e que entre eles não havia diálogo. Jesus, como judeu, rompe com essa situação e se dirige à samaritana pedindo água. A mulher se esquiva dizendo que não deveria falar com ele e nem lhe dar água. Jesus então oferece a sua água de vida eterna e diz que quem bebe dessa água não tem mais sede. Tanta é a fé da mulher que ela pede dessa água ao mestre e acaba entendendo que Jesus quer transformar sua vida a partir daquele encontro. Algo bonito de se ver nessa passagem é que a samaritana já havia tido cinco maridos e vivia mal com um sexto, que o próprio Jesus afirmava não ser o marido dela. São João, em seu evangelho, quer nos mostrar que Jesus é o sétimo marido da samaritana, seria o marido perfeito; a humanidade, representada pela mulher, casaria com Jesus, o esposo perfeito. Jesus veio curar os males daquela que já havia sofrido muito e não encontrava mais sentido para viver. Jesus é o libertador, seu encontro traz vida nova para aquela mulher e a partir dela para toda a humanidade.

Jesus se encontrou com muitas outras pessoas, ao longo de sua vida. Podemos destacar aqui o encontro com Nicodemos, com Madalena, com Zaquel, com os doentes, os pobres, entre outras pessoas. Foram encontros libertadores, que trouxeram vida para o povo. Jesus veio para que todos tenham vida, e a tenham em abundancia. Cantemos.

Podemos destacar em nossa reflexão alguns desencontros de Jesus ao longo de sua vida: pessoas que não quiseram ou não conseguiram ouvir sua mensagem e seguir seus caminhos.

“Tenho observado os mandamentos de Deus desde a minha juventude, dizia o jovem rico. Jesus lhe disse: ‘Uma coisa lhe falta, vende tudo o que tens dá aos pobres e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me.’ Quando ouviu isso, o jovem ficou triste, pois era muito rico.” (Lc 18, 21-23)

Como é difícil deixar tudo para seguir o mestre. Observar os mandamentos, ir a Igreja diariamente, rezar o terço não é difícil aos olhos de Jesus. O difícil é desfazer de tudo, tanto os bens materiais quanto as idéias, e segui-lo. O jovem rico se desencantou do Mestre, não teve coragem de se despojar, via o dinheiro como algo muito importante em sua vida. Ninguém pode servir a dois senhores, a Deus e ao dinheiro. Para um encontro verdadeiro com Jesus é preciso despojar das amarras, ir livremente ao seu chamado.

Jesus ainda se desencontrou com os judeus, sobretudo os fariseus e doutores da lei. A mensagem do Mestre era de amor e sua lei era o amor; enquanto os fariseus praticavam a lei pela lei. Eles gostavam do dinheiro e do poder, quando faziam jejum mostravam para todos e davam esmola ao templo de forma que todos observavam. Jesus repudiava essas ações, não era a favor e as condenava. Assim, Jesus se desencontrava deles, andava na contramão!

Toda essa reflexão que realizamos até aqui é um antecipar do encontro de Jesus com sua mãe. E assim, nós aproximamos o filho, que busca sua mãe, que quer estar perto da mãe querida, que sempre esteve ao seu lado.

“A minha alma engrandece ao Senhor e meu espírito se alegra em Deus, meu salvador.” (Lc 1, 47).

Maria se alegra e se enche do Espírito Santo quando sabe que vai ser mãe do salvador, que vai carregar em seu seio o filho de Deus. E como Jesus deve ter se sentido acolhido no ventre daquela que o amou desde o primeiro instante de sua vida, que recebeu a gravidez como uma grande graça de Deus. Ah, se nossas mães de hoje acolhessem sua gravidez como Maria. Ah, se elas amassem seus filhos desde a concepção. O primeiro encontro de Jesus se dá no calor do ventre de sua mãe, no aconchego do seu abraço e carinho.

“Começaram então a procurá-lo e depois de três dias o encontraram no templo. Quando o viram, seus pais ficaram comovidos. Jesus desceu então com seus pais para Nazaré e era obediente a eles.” (Lc 2, 44-51).”

Jesus se perde dos pais em Jerusalém. Maria e José sentindo falta do filho começaram a procurá-lo. Só o encontraram no Templo, depois de três dias. Como os pais de Jesus devem ter ficado preocupados com o sumiço de seu filho. Como deve ter sido a alegria do encontro, a ponto de ficarem comovidos. O filho que recebe tanto amor de seus pais responde com obediência. Amor se retribui com amor.

Mais uma vez aproximamos a mãe do filho, pois eles vão se tornando um só amor. Onde Jesus estava sua mãe o acompanhava sempre solícita, sempre presente, no silêncio de sua presença falava às multidões.

“Seguia Jesus, no caminho do calvário, uma grande multidão do povo, bem como de mulheres que batiam no peito e choravam por ele.” (Lc 23, 27).

Maria, mãe de Jesus, estava junto a essas mulheres que o acompanhavam na caminhada dolorosa. Ela sempre o acompanhou, sempre seguiu seus passos. Vendo o sofrimento de seu filho, quanta dor não deve ter sentido. Quanto deve doer às mães encontrarem seus filhos mortos, assassinados, acidentados. Mas Maria permanecia forte, ela sabia que não era o fim. Era preciso que o grão de trigo caísse na terra e morresse para dar bom fruto.

De Maria devemos aprender a fortaleza e a serenidade diante das dificuldades. Os olhos fixos no Cristo que sofre dores de morte, mas o coração voltado para Deus que nunca a desamparou, que encheu o seu coração de graça e certeza.

Ao contemplarmos a Imagem da Mãe das Dores, não vemos desespero e desilusão; não vemos escândalo e falta de fé. Ao contemplarmos Maria, vemos coragem, certeza, fé. Ela sabia que seu filho não era merecedor da Cruz, mas também sabia que ele iria assumi-la até o fim, e iria vencê-la.
Neste instante, voltamos para a Mãe das Dores, rezemos juntos:

MÃE DAS DORES,
QUE SOFRESTES AO VER SEU FILHO CARREGANDO A CRUZ DA SUA CONDENAÇÃO,
ENSINAÍ-NOS A SERMOS FORTES DIANTE DAS DIFICULDADES.
DAÍ-NOS FORÇA PARA CAMINHARMOS AO LADO DE JESUS,
PARA SEGUIR OS PASSOS DE SEU FILHO AMADO.
QUERO MARIA SER TEU JESUS,
MESMO QUE UM DIA MORRA NA CRUZ.

Podemos ver que Maria, assim como a samaritana, é a representação perfeita da humanidade que se encontra com Jesus essa noite. É na pessoa de Maria que chegamos perto de Jesus, que vamos ao seu encontro. Jesus se fez humano através do sim de Maria, foi no seu ventre que ele assumiu a condição humana. E ele se fez tão homem no meio da humanidade que hoje podemos dizer: Tão humano assim só poderia ser mesmo divino. E se Jesus amou tanto sua mãe, ele nos amava e nos ama através dela! E nós, como Maria, também devemos dar as nossas vidas à Jesus.

Se Adão e Eva perderam a confiança de Deus, pois pensaram somente em si; Jesus e Maria, novo Adão e nova Eva, recuperaram o amor de Deus para com a humanidade. Nesta alegria do retorno ao amor de Deus, rezemos juntos: Salve Rainha...

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

JEAN STEFERSON PEREIRA
Seminarista do Curso de Filosofia da Diocese da Campanha

Próxima imagem: Procissão do Encontro em Carmo da Cachoeira
Imagem anterior:
As amigas na comunidade.

Comentários

projeto partilha disse…
DIA 09 QUINTA-FEIRA SANTA

"O sacerdócio nasce da EUCARISTIA: dom para a comunidade"

A liturgia desta Quinta-feira Santa abre para nós o Tríduo Pascal, onde viveremos todo o mistério pascal tendo como cento a VIGÍLIA PASCAL, que é mãe de todas as vigílias celebradas pela Igreja. Hoje é urgente que este gesto de Jesus aconteça entre nós como um verdadeiro "sacramento de serviço e fraternidade".
9h00 - Missa da Unidade, na Catedral de Santo Antônio em Campanha - Bênção dos Santos Óleos e entrega dos Envelopes da Campanha "Ficha Limpa".
17h00 - Missa do Lava-pés e Adoração do Santíssimo Sacramento, na Comunidade de Palmital do Cervo.
19h30 - Solene Celebração da Ceia do Senhor. Missa do Lava-pés e Adoração ao Santíssimo Sacramento, na Matriz.

HORÁRIO DE ADORAÇÃO:
21h00 -Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão - MESC, Apostolado da Oração e Catequese.

22h00 - Congregação Mariano, Família Vicentina, Pastoral Familiar, Movimento Mãe Rainha e Legião de Maria.


23h00 Ministério de Música, Pastoral Litúrgica, COMUNIDADE "SANTUÁRIO" MÃE RAINHA, Pastoral do Dízimo e ECC.

24h00 - Renovação Carismática Católica, Legião de Maria, Pastoral do Batismo, Comunidades, Pastoral Negra, Mundo da Juventude.


ATENÇÃO:
DIA 10 SEXTA-FEIRA SANTA DA PAIXÃO DO SENHOR

6h00 - VIA-SACRA ao vivo para o CRUZEIRO. Aos pés do morro, na Vargem das Boiadas, onde morou MANOEL ANTÔNIO RATES, no século XVIII, e cuja família foi doadora do PATRIMÔNIO DE NOSSA SENHORA DO CARMO, fica o "SANTUÁRIO" MÃE RAINHA, e a Comunidade São Pedro de Rates. Aí haverá uma Estação da Via-Sacra ao Vivo. Aproveite para rever o vídeo, Sexta-feira Santa em Carmo da Cachoeira - ano 2008.
projeto partilha disse…
Foto Evando Pazini.
Arte TS Bovaris.
projeto partilha disse…
O pequeno "eu", material e humano ao aproximar-se da MÃE, sua parte imaterial e perene torna-se, com ela e nela UM SÓ AMOR. É o Divino materializado. É o ENCONTRO DIVINO EM CADA UM, e que deverá permanecer pelos séculos dos séculos. Nesta união haverá de, cada fiel, manifestar-se de forma a irradiar luz, paz e harmonia por todo o planeta. Seus atos, ações e obras deverão iluminar e aquecer e inflamar a Terra.

"Jesus e Maria, novo Adão e nova Eva, recuperam o AMOR DE DEUS para com a humanidade. Nesta alegria do RETORNO, rezemos."

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A jude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço " comentários " para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região. Próxima imagem: Sete de Setembro em Carmo da Cachoeira em 1977. Imagem anterior: Uma antiga família de Carmo da Cachoeira.

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