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Consciência Negra em Carmo da Cachoeira.

Ajude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço "comentários" para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região.

Grupo de Congada de Oliveira, Minas Gerais em visita a Carmo da Cachoeira.
Foto: Maria do Carmo - Arte: TS Bovaris

Próxima imagem: Nossa Senhora na fazenda da Serra.
Imagem anterior: O benemérito padre Manoel Francisco Maciel.

Comentários

projeto partilha disse…
Mais uma polêmica. Mais esclarecimentos ...

(...) não havia mundo menos moral que a bandeira. Para começar o seu móvel principal, senão único, era a cobiça. Cobiça e luxúria, caça ao índio e à fêmea e imperava unicamente a lei do mais forte, o princípio da autoridade, bem ilustrada por Fernão Dias Pais mandando matar o filho mestiço por insubordinação. Até os meados do séc. XVII e o começo de século XVIII o termo brasileiro como expressão e afirmação de uma nacionalidade, era praticamente inexistente (...)Vianna Moog.
O Morgado de Mateus (1765-1775), chega em Piratininga (São Paulo) em 1765 e só então começa a ser organizada a vida administrativa e social em São Paulo, com o povo tomando consciência de si mesmo (...).
Cf.: JOÃO RAMALHO E A FORMAÇÃO DE SÃO PAULO NOS SÉCULOS XVI - Windows Internet Explorer
www.sfrenobreza.com/anibaljoaoramalho.htm
projeto partilha disse…
Bento Izau dos Santos (Esau), segundo a obra "Família Reis", p.225, era filho de Maria Claudina Vilela, nascida na cidade de Aiuruoca - MG, casada com o cap. José Esaú dos Santos, filho de Antônio Esaú dos Santos e Ana dos Santos de Jesus. Bento, casou-se em primeiras núpcias com Mariana Generosa dos Reis, filha do alferes Manuel dos Reis e Silva e Ana Generosa de Sousa Meireles. Não tiveram filhos. Em segundas núpcias casou-se com Ana Generosa dos Reis, irmã de Mariana Generosa dos Reis, sua primeira esposa, filha de Manuel dos Reis e Silva e Ana Generosa de Sousa Meireles. Tiveram apenas um filho, Manuel Esaú dos Santos, casado com Arminda Esaú dos Santos. Em terceiras núpcias casou-se com Barbara Delminda de Siqueira, filha de Valério Augusto de Siqueira e Emerenciana Bárbara de Andrade Vilela. Tiveram apenas um filho, Horácio Esaú dos Santos, casado com Lúcia Constância de Siqueira, filha de João Batista de Siqueira e Lucinda Seráfica de Meireles.


Fragmentos de documentos. Ao alto da página a citação "7", no verso, também em manuscrito, Visto em correição de 1889. Archive-se na Secretaria da Câmara Municipal. Varginha, 18 de novembro de 1889. Júlio da Veiga.

(...)de Souza Arantes reconhecidos de mim Aureliano José Mendes Tabellião que escrevi e assignei. Por procuração de Antonio Rodrigues da Costa. José Celestino Terra. Seguem as assinaturas de Anna Teresa de Jesus; Manoel Antonio Teixeira, Luís Antonio de Carvalho e Antonio José de Souza Arantes.

A seguir, na mesma folha:
Escriptura de venda de um escravo de nome Antonio que Joaquim Thomas Vilella e Castro fas a Bento Izau dos Santos pela a quantia de hum conto e quinhentos mil réis na forma abaixo (rubrica).
Saibão quantos este publico instrumento de escriptura de venda virem, que sendo no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e secenta e seis, aos trinta e um dias do mes de Desembro do dito anno nesta Freguesia do Carmo da Cachoeira, termo da Villa de Lavras em meu cartório comparecerão presentes partes havidas e contractadas, como vendedor Joaquim Thomás Vilella e Castro e Tenente José Fernandes Avelino pelos poderes da Procuração bastante, e carta de ordem que ao diante vão transcripto, e como comprador Bento Isau dos Santos, moradores neste Freguesia reconhecidos pelos os próprios de que faço menção, e pelo o procurador do vendedor foi dito, em prezença de duas testemunhas abaixo nomeadas, e assignadas, que seu cliente é senhor e possuidor de um escravo de cor preta (...). É tudo o que consta do referido fragmento.
projeto partilha disse…
Observação complementar ao comentário anterior:

No alto da página do referido fragmento de documento, junto ao n.7, a rubrica, "Silva Penna".
projeto partilha disse…
"Silva Penna" é a rubrica de Evaristo José da Silva Penna, conforme se lê num documento de dificílima leitura, datado de 27 de março de 1866 e assinado em Lavras. Vamos tentar enviá-lo a TS Bovaris, através de Rogério Vilela. Veremos como ambos farão para tentar mostrá-lo aos seguidores do Projeto Partilha. É só aguardar. O teor do texto em que está sua assinatura parece ser o seguinte:
"Servirá este livro para nelle se laçarem as escripturas de compra e venda de escravos que se ali (corroído) perante o Escrivão do Juiz de Pás do Districto do Carmo da Cachoeira. Nas (ilegível) por mim numeradas e rubricadas da seguinte forma "Silva Penna; (elegível) o appelido do que (ilegível) e no fim do livro encontra-se (ilegível) há o termo de encerramento. Lavras, 27 de março de 1866. Mendes e Evaristo José da Silva Penna.

Logoa abaixo, a primeira Escriptura de venda de duas escravas de nomes Leopoldina, e outra Joanna que Ignácio Antonio Teixeira de Abreu a fas a Manoel Antonio Teixeira pela quantia de um conto e nove centos mil réis sendo a primeira por quatro centos mil réis, e a segunda por um conto e quinhentos na forma abaixo:
Saibão quantos este publico instrumento de escriptura de venda virem, que sendo no anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos (corroído) dias do mes de Abril do (corroído)choeira do Carmo, e termo (corroído) cartório comparecerão pre (corroído) data como procura (corroído). No verso, o seguinte: os poderes da procuração bastante que apresentou e ao diante vais transcripto, e como comprador Manoel Antonio Teixeira, reconhecidos pelos os próprios de que faço menção, e pelo o mesmo procurador foi dito, em presença de duas testemunhas abaixo nomeadas, e assignadas que seu e cliente é o senhor e possuidor de duas escravas huma de nome Leopoldina de idade de cinco annos mais ou menos (corroído) natural da Cidade de Campanha e que a possui (corroído)produção; e a segunda de nome Joanna de idade (corroído) doze annos solteira natural da Freguesia de Lambary que houve por compra que fes a a Cressencio Rangel Furquim, e o por que as possue livre e desembaraçado de qualquer embargo, penhora, ou hypotheca, com todos os seus achaques novos e velhos, vende, e como de facto vendido tem de hoje para sempre por meio desta ao comprador Manoel Antonio Teixeira por preço e quantia de um conto e nove centos mil réis de que o comprador já se acha, digo, de que o vendedor já se achava pago e satisfeito, pelo o que lhe dava plena e geral quitação de pago e satisfeito para mais em tempo algum lhe não ser pedida por si e nem por seus herdeiros; e que toda posse, domínio e Senhorio, que nas dittas escravas tem tido, todo cede e trespassa para a pessoa do comprador, que o gozará como suas que fica sendo por bem desta. E pelo o comprador foi dito, que aceitava esta escriptura de venda a elle feita, e desde já se dava por empossado das referidas escravas Leopoldina e Joanna. Pagou (corroído) até o fim da folha.
paulo costa campos disse…
MARTINHO CAMPOS

Povoado situado nas imediações do antigo Quilombo Quebra-Pé ou Quilombo das Araras. Quando foi elevado a distrito de Paz, pela li n.3086, de 6 de dezembro de 1882, possuia cerca de 40 casas e era conhecido simplesmente por Quilombo. Posteriormente teve os seguintes topônimos: Nossa Senhora do Rosário do Quilombo, Nossa Senhora do Rosário de Martinho Campos, e finalmente, Martinho Campos. Este último topônimo foi dado em homenagem a Martinho Álvares da Silva Campos, político mineiro, médico, deputado geral, Presidente da Câmara dos Deputados, senador, Ministro da Fazenda (1882) e Conselheiro de Estado (1886). Nascido na fazenda dos Guardas, freguesia da Onça, termo de Pitangui, Minas Gerais, em 18 de agosto de 1818, falecido e sepultado em Caxambu, em 29 de março de 1887. A primeira igreja do povoado foi edificada na década de 1870, pelo doador do patrimônio, Joaquim Marques Vieira, conforme testamento arquivado no Fórum local. A lei n.716, de 16 de setembro de 1918, transferiu a sede do distrito para Pontalete, mas manteve a antiga denominação. Finalmente, pela lei n.843, de 7 de setembro de 1923, a denominação foi alterada para Distrito de Pontalete. Não obstante tantas alterações de topônimos, a população da região, ao se referir ao povoado, diz Quilombo. A denominação Martinho Campos é usada apenas nos documentos oficiais. Existe uma cidade, no Alto São Francisco, em Minas Gerais que tem essa mesma designação.
paulo costa campos disse…
LAGOA VERDE - Bela lagoa, cujas águas tem um tom esverdeado, em decorrência de algas que nela proliferam. Situa-se às margens da antiga estrada Três Pontas a Santana da Vargem. O capitão Thomé Gonçalves de Araújo requereu uma sesmaria, nas proximidades da lagoa, em 3 de julho de 1794 (SC.256, p.266, Arquivo Público Mineiro), a qual confrontava com terras de José Ferreira de Brito. A atual denominação é Fazenda da Lagoa, hoje bastante reduzida, em consequência do desmembramento da antiga sesmaria.
paulo costa campos disse…
LUTHIER

Fabricante de instrumentos musicais. Na cidade, existe um excelente fabricante de instrumentos de cordas, tais como violino, violão, viola caipira e cavaquinho. Seu nome é Ely Alves Pereira, nascido na cidade de Campos Gerais, em 19 de março de 1941, filho de Lindolfo José Pereira e Nair Naves de Araújo, casado com Benedita Maria Vieira. Residiu algum tampo em São Paulo - São Paulo e lá exercia as profissões de eletricista, marceneiro e bombeiro. Conheceu naquela cidade um Luthier, que lhe ensinou a arte de construir instrumentos musicais de cordas.

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A jude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço " comentários " para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região. Próxima imagem: Sete de Setembro em Carmo da Cachoeira em 1977. Imagem anterior: Uma antiga família de Carmo da Cachoeira.

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