Pular para o conteúdo principal

O povoado.


Aqui era uma grande fazenda”. Foi a frase dita por uma criança de uma antiga família cachoeirense, e reflete o conhecimento passado através da tradição oral, que conta histórias de um tempo em que era nas fazendas que a vida acontecia. Não faz muito tempo que a sociedade passou a se organizar em torno da vila e sua capela.
O pioneiro Manoel Antônio Rates foi imortalizado por sido em suas terras que houve a criação da capela de Nossa Senhora do Carmo. Já os Branquinhos estavam na Boa Vista; os Reis na fazenda Retiro; e os Gouveias nas fazendas Ponte Falsa, da Barra e Palmital. A partir deste núcleo central até os limites citadas na lei de criação da Companhia das Duas Barras, outras fazendas e outras famílias: Terras, Vallins, Figueiredo, Garcial Leal, Meirelles, Ferreira de Toledo, Moraes, Pimenta de Abreu, Nogueiras, Andrades, Mendes, Teixeiras, entre muitos outros. Estas famílias acabaram por se estruturar como a elite dominante destas paragens, unindo-se em alianças matrimoniais, com a finalidade de acumulo de riqueza e poder. Centenas de inventários foram analisados durante a intensa pesquisa que deu apoio a este trabalho, e neles notamos a disparidade que definem e caracterizam aqueles que por aqui passaram e ou circularam.
Encontramos construções rústicas onde viveram proprietárias de grandes extensões de terra, um contra-senso que só pode ser entendido quando atentamos para os fundamentos desta vida agreste, descritas com maestria em "Vida e Morte do Bandeirante", de autoria de Alcantara Machado. Nele a representação é a de um viver extremamente rústico, mesmo entre os membros das principais e mais ricas famílias de sertanistas de São Paulo de Piratininga. Em um período posterior, já com as fazenda em franco desenvolvimento, encontramos os senhores de terra e seus latifúndios, tendo um estilo de vida muito próximo ao descrito por Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala.
Numa terra airosa vive um povo triste, legaram-lhe essa melancolia os descobridores que a revelaram ao mundo e a povoara. E esplendido dinamismo desta gente rude, obedecia a dois grandes impulsos que dominavam a toda a psicologia. Da descoberta e nunca foram geradores de alegria: a ambição do ouro e a sensualidade livre e enferme que, como cultua a renascença fizeram ressuscitar.”

Comentários

Anônimo disse…
Errata. Tipo de erro- Omissão do termo "Terra", entre as famílias com marcada presença na referida época.

Mais lidas no site

Tabela Cronológica 10 - Carmo da Cachoeira

Tabela 10 - de 1800 até o Reino Unido - 1815 - Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - 1815 ü 30/Jan – capitão Manuel de Jesus Pereira foi nomeado comandante da Cia. de Ordenanças da ermida de Campo Lindo; e ü instalada a vila de Jacuí . 1816 1816-1826 – Reinado de Dom João VI – após a Independência em 1822, D. João VI assumiu a qualidade e dignidade de imperador titular do Brasil de jure , abdicando simultaneamente dessa coroa para seu filho Dom Pedro I . ü Miguel Antônio Rates disse que pretendia se mudar para a paragem do Mandu . 1817 17/Dez – Antônio Dias de Gouveia deixou viúva Ana Teresa de Jesus . A família foi convocada por peritos para a divisão dos bens, feita e assinada na paragem da Ponte Falsa . 1818 ü Fazendeiros sul-mineiros requereram a licença para implementação da “ Estrada do Picu ”, atravessando a serra da Mantiqueira e encontrando-se com a que vinha da Província de São Paulo pelo vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, na alt...

A organização do quilombo.

O quilombo funcionava de maneira organizada, suas leis eram severas e os atos mais sérios eram julgados na Aldeia de Sant’Anna pelos religiosos. O trabalho era repartido com igualdade entre os membros do quilombo, e de acordo com as qualidades de que eram dotados, “... os habitantes eram divididos e subdivididos em classes... assim havia os excursionistas ou exploradores; os negociantes, exportadores e importadores; os caçadores e magarefes; os campeiro s ou criadores; os que cuidavam dos engenhos, o fabrico do açúcar, aguardente, azeite, farinha; e os agricultores ou trabalhadores de roça propriamente ditos...” T odos deviam obediência irrestrita a Ambrósio. O casamento era geral e obrigatório na idade apropriada. A religião era a católica e os quilombolas, “...Todas as manhãs, ao romper o dia, os quilombolas iam rezar, na igreja da frente, a de perto do portão, por que a outra, como sendo a matriz, era destinada ás grandes festas, e ninguém podia sair para o trabalho antes de cump...

A família do Pe. Manoel Francisco Maciel em Minas.

A jude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço " comentários " para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região. Próxima imagem: Sete de Setembro em Carmo da Cachoeira em 1977. Imagem anterior: Uma antiga família de Carmo da Cachoeira.

Mais lidas nos últimos 30 dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Harmonia em Carmo da Cachoeira: vozes, piano e a ideia de comunidade

No próximo dia 28 de novembro , às 19 horas no Clube Tabajara, a Câmara Municipal de Carmo da Cachoeira prestará homenagem a Leonor Rizzi , por proposta da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . É um reconhecimento merecido a quem, por anos, estimulou a cultura local, valorizou pessoas comuns e defendeu com convicção que arte, educação e fé são alicerces de uma vida comunitária saudável. Nada simboliza melhor esse legado do que o recital que, em 17 de dezembro de 2007 , silenciosamente transformou a noite cachoeirense na Igreja Nossa Senhora do Carmo . O recital e o silêncio que fala Durante 60 minutos , um público inteiro se manteve em atenção rara. Nem as crianças interromperam a escuta; o silêncio parecia parte da partitura. No alto do altar, duas andorinhas pousadas junto à cruz compunham uma imagem que Evando Pazini  registrou em vídeo e que muitos guardam na memória: música, arquitetura e natureza respirando no mesmo compasso. Ao fim, vieram as perguntas espontâneas:...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira: De 1770 à Inconfidência Mineira

Carmo da Cachoeira: consolidação de registros entre sesmarias, capelas e caminhos Quando se mudou para Carmo da Cachoeira, a professora Leonor Rizzi deparou-se com um incômodo persistente: nem mesmo a população local sabia explicar com segurança a origem do nome “Rattes”. Uns diziam que vinha de ratos, outros associavam a alguma cachoeira, e, nesse jogo de versões, a memória da família que primeiro ocupou a região foi sendo apagada em benefício das oligarquias que assumiram as sesmarias mais tarde. A organização desta tabela cronológica nasce justamente do propósito de resgatar a importância desses pioneiros, esclarecer a verdadeira origem do nome e desmistificar as explicações fantasiosas que se acumularam ao longo do tempo. Dando continuidade ao trabalho iniciado em 25 de janeiro de 2008, a professora Leonor Rizzi reuniu, no bloco que intitulou “Tabela 7 – de 1770 até a Inconfidência Mineira ”, um conjunto de registros que mostra como se estruturavam o território, as famílias e a ...

Leonor Rizzi e os Selos do Sesquicentenário de Carmo da Cachoeira

  O Resgate da Memória em Milímetros: o Legado da Profª Leonor Rizzi O Selo como Documento de Resistência Histórica Os estudos de história costumam dar atenção aos grandes monumentos, às decisões políticas e às grandes crises econômicas. Porém, muitas vezes a identidade de um povo se apoia em coisas pequenas: objetos do dia a dia e iniciativas que, à primeira vista, parecem simples, mas guardam muito significado. Em 15 de janeiro de 2008, Carmo da Cachoeira , no sul de Minas Gerais, viveu um desses momentos discretos e importantes. Naquela data, a professora Leonor Rizzi , referência na preservação da memória do município e na proteção animal, pediu à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) a criação de uma série de selos personalizados. Esse gesto não foi apenas uma formalidade ou uma comemoração comum. Ao encomendar quatro modelos diferentes de selos para marcar o sesquicentenário da Instituição Canônica da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, a professora Leonor encontrou ...

Mais Lidas nos Últimos Dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Harmonia em Carmo da Cachoeira: vozes, piano e a ideia de comunidade

No próximo dia 28 de novembro , às 19 horas no Clube Tabajara, a Câmara Municipal de Carmo da Cachoeira prestará homenagem a Leonor Rizzi , por proposta da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . É um reconhecimento merecido a quem, por anos, estimulou a cultura local, valorizou pessoas comuns e defendeu com convicção que arte, educação e fé são alicerces de uma vida comunitária saudável. Nada simboliza melhor esse legado do que o recital que, em 17 de dezembro de 2007 , silenciosamente transformou a noite cachoeirense na Igreja Nossa Senhora do Carmo . O recital e o silêncio que fala Durante 60 minutos , um público inteiro se manteve em atenção rara. Nem as crianças interromperam a escuta; o silêncio parecia parte da partitura. No alto do altar, duas andorinhas pousadas junto à cruz compunham uma imagem que Evando Pazini  registrou em vídeo e que muitos guardam na memória: música, arquitetura e natureza respirando no mesmo compasso. Ao fim, vieram as perguntas espontâneas:...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...