Pular para o conteúdo principal

Os bandeirantes na base das famílias mineiras

 Trajetórias… trajetórias…

Francisco Nardy Filho, historiador, referiu-se a Bartholomeu Bueno da Siqueira e seu irmão Pedro de Moraes Siqueira considerando-os “ytuanos”, portanto, procedentes da cidade berço de Bandeirantes.

Bartolomeu Bueno de Siqueira planejava encontrar as minas de Goiás. Filho do Anhanguera (Bartolomeu Bueno da Silva), junto ao qual militou durante sua adolescência. Em sua vida adulta mantinha acesa a ideia de novas conquistas, em especial as minas de Goiás.

Francisco Nardy Filho é considerado um dos mais produtivos historiadores do interior paulista. Nasceu em 1879 e faleceu em 21.2.1959, em São Paulo. Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e sócio do Instituto Paulista de Arte Religiosa.

Por volta dos inícios do século XVIII encontramos Bartolomeu Bueno de Siqueira pelos lados de Pitangui, quando os bandeirantes foram desmantelados pelo Conde de Assumar. Retalhados, migraram para a margem esquerda do Rio Grande. Ficou, no entanto, naquelas paragens o registro de fundação da Vila Buena realizada por ele. Esta pequena vila é hoje a cidade de Goiás. A margem esquerda do Rio Grande à época era conhecida dos paulistas que a denominavam sertão da capitania da qual procediam - a de São Paulo. Embrenharam-se junto dos rios Verde, Sapucaí, Ingaí, Capivari, espalhando-se pelo sudoeste mineiro.

Hiansen Vieira ao estudar a criação das Dioceses de Pouso Alegre, Campanha e Guaxupé se ocupa da evolução histórica sul-mineira. O autor é pesquisador, professor e padre da diocese de Guaxupé. Possui Mestrado e Doutorado em História da Igreja.

Izabel Pires de Moraes, matriarca dos Terras

Vamos ouvir àquele que entende muito sobre este assunto, Antônio Galvão Sampaio Terra, autor de 500 Anos Trajetórias de Uma Família (2014, Equilíbrio editora).

Diz ele:

Em 1728, Domingos Francisco Terra iniciou a sua constelação familiar, casando-se com Izabel Pires de Moraes que era da cidade de Guarulhos no Estado de São Paulo. Nascida em 20 de julho de 1705, na cidade de Guarulhos em São Paulo, era filha de José Vaz Moniz e Ana Pires de Oliveira. Por volta de 1727, a sua família resolveu migrar-se para o pequeno povoado de Prados, próximo de São João Del Rey em Minas Gerais.

A família de Izabel Pires de Moraes como tudo indica, optou por ficar perto dos parentes por parte de seu avô, Bento de Oliveira Pires, portanto junto aos Siqueira, aos Rodrigues, aos Pires e aos Oliveira.

A insegurança do percurso ocasionado pelo receio das matas, ataques de índios e cobras venenosas, motivaram as migrações, do começo do século XVIII, serem feitas em grandes grupos, geralmente da mesma família. Assim no início do século XVIII, chegaram a Minas Gerais grupos de paulistas que se espalharam por várias regiões como: o arraial de Prados, vila de São João Del Rey, Carrancas e Baependi, nelas se estabeleceram formaram famílias, tiveram filhos, se uniram a membros de outras famílias portuguesas. Eles produziram nas suas terras, geraram riquezas, investiram na educação de seus filhos formando o que era melhor em sua comunidade e assim criaram a base da elite do povo brasileiro.

Izabel Pires de Moraes, a matriarca da Família Terra, ao se instalar, com seus pais e irmãos, no arraial de Prados, conheceu Domingos Francisco Terra, recém-chegado de Portugal, com quem se casou.

Para que o leitor conheça melhor a matriarca vamos reconstruir a sua genealogia. Entendemos que o leitor ficará admirado com a historicidade que está presente no lado materno de Izabel Pires de Moraes mulher de Domingos Francisco Terra. Reconstruir a linhagem do ramo paulista significou, também, conhecer aspectos do setecentismo e do bandeirantismo de São Paulo.

José Vaz Moniz, ao lado de seu sogro Bento Pires de Oliveira, encontrou seus quatro cunhados, que eram casados com os netos de Ana Rodrigues de Arzão e do português Belchior da Borba Gato, portanto, filhas do bandeirante Manoel Pacheco Gato e Suzana Borba Gato, tio e irmã do bandeirante e Guarda-mór Manoel da Borba Gato casado com Maria Leite, esta filha do bandeirante Fernão Dias Paes Leme. Dessa forma se inteiraram dos fatos relacionados às regiões mineiras e de criação, por esses bandeirantes de núcleos mineradores e de abastecimento, os quais já tinham dado origem a vilas.

Ana Pires de Moraes e seu marido José Vaz Moniz tiveram contato, com o Coronel Carlos de Moraes Navarro, irmão de sua avó Inês Moraes Navarro, e sua esposa Maria Raposo Tavares. Esse encontro foi muito valioso pois a sua tia Maria Raposo Tavares, filha do bandeirante Antônio Raposo Tavares e neta, também, do bandeirante Manoel Pires, forneceu informações sobre o ouro das regiões de Minas Gerais. Afirmou que o seu filho, Pedro de Moraes Raposo, foi primeiro morador e Capitão Mór, da região do Rio das Mortes, e já possuía o título de Coronel de Ordenanças de São João del Rey. Suas netas, Francisca de Moraes Raposo e Tereza de Moraes, estavam morando também, na Vila de São João.

Comentários

PEdro 7 disse…
olá muito legal ! Onde podemos encontrar esse livro ? da família terra ?

Mais lidas no site

Tabela Cronológica 10 - Carmo da Cachoeira

Tabela 10 - de 1800 até o Reino Unido - 1815 - Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - 1815 ü 30/Jan – capitão Manuel de Jesus Pereira foi nomeado comandante da Cia. de Ordenanças da ermida de Campo Lindo; e ü instalada a vila de Jacuí . 1816 1816-1826 – Reinado de Dom João VI – após a Independência em 1822, D. João VI assumiu a qualidade e dignidade de imperador titular do Brasil de jure , abdicando simultaneamente dessa coroa para seu filho Dom Pedro I . ü Miguel Antônio Rates disse que pretendia se mudar para a paragem do Mandu . 1817 17/Dez – Antônio Dias de Gouveia deixou viúva Ana Teresa de Jesus . A família foi convocada por peritos para a divisão dos bens, feita e assinada na paragem da Ponte Falsa . 1818 ü Fazendeiros sul-mineiros requereram a licença para implementação da “ Estrada do Picu ”, atravessando a serra da Mantiqueira e encontrando-se com a que vinha da Província de São Paulo pelo vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, na alt...

A organização do quilombo.

O quilombo funcionava de maneira organizada, suas leis eram severas e os atos mais sérios eram julgados na Aldeia de Sant’Anna pelos religiosos. O trabalho era repartido com igualdade entre os membros do quilombo, e de acordo com as qualidades de que eram dotados, “... os habitantes eram divididos e subdivididos em classes... assim havia os excursionistas ou exploradores; os negociantes, exportadores e importadores; os caçadores e magarefes; os campeiro s ou criadores; os que cuidavam dos engenhos, o fabrico do açúcar, aguardente, azeite, farinha; e os agricultores ou trabalhadores de roça propriamente ditos...” T odos deviam obediência irrestrita a Ambrósio. O casamento era geral e obrigatório na idade apropriada. A religião era a católica e os quilombolas, “...Todas as manhãs, ao romper o dia, os quilombolas iam rezar, na igreja da frente, a de perto do portão, por que a outra, como sendo a matriz, era destinada ás grandes festas, e ninguém podia sair para o trabalho antes de cump...

A família do Pe. Manoel Francisco Maciel em Minas.

A jude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço " comentários " para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região. Próxima imagem: Sete de Setembro em Carmo da Cachoeira em 1977. Imagem anterior: Uma antiga família de Carmo da Cachoeira.

Mais lidas nos últimos 30 dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira – de 1815 até 1821

Publicada em 15 de fevereiro de 2008 pela professora Leonor Rizzi , esta tabela acompanha um período curto em anos, mas denso em mudanças: é o momento em que o Brasil deixa de ser apenas colônia para integrar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815), vê a circulação do café avançar sobre Minas, assiste à transformação de capitanias em províncias e presencia o retorno da Corte a Lisboa. Enquanto os livros de história contam esse processo em linhas gerais, aqui o movimento é visto através de lupa: nomes de fazendas, vilas recém-instaladas, estradas requisitadas, inventários, listas de moradores e decisões administrativas que moldam o sul de Minas. Talvez por isso esta tenha se tornado, ao longo dos anos, a tabela mais procurada no site, foram 66.800 acessos: nela se cruzam a visão macro da política imperial e os detalhes concretos de lugares como Campo Lindo , Ponte Falsa , Serra do Carmo da Cachoeira , Varginha ainda chamada Espírito Santo das Catanduvas . O que em manuais ...

Carmo da Cachoeira de 1800 até 1814

Carmo da Cachoeire: Leonor Rizzi e o poder do conhecimento histórico local Publicado neste site em 5 de fevereiro de 2009, o quadro intitulado “ Tabela Cronológica 9 – de 1800 até o Reino Unido ” , elaborado pela professora Leonor Rizzi , é mais do que uma sequência de datas: é um exercício de reconstrução paciente da história local a partir de vestígios dispersos. Em vez de olhar apenas para o “grande cenário” do Império português e das transformações políticas do início do século XIX, a autora acompanha, em detalhe, o que se passava na região que hoje reconhecemos como Carmo da Cachoeira : fazendas que se consolidam, capelas que se erguem, famílias que se fixam, instituições que se organizam. Esse tipo de pesquisa minuciosa, ancorada em registros paroquiais, inventários, sesmarias e documentação administrativa, devolve à comunidade algo que costuma ser monopolizado pelos manuais escolares: o direito de se reconhecer como sujeito da própria história. Ao relacionar acontecimentos lo...

Leonor Rizzi: O Legado do Projeto Partilha

Um Resgate da Memória de Carmo da Cachoeira A história de um povo é construída não apenas por grandes eventos, mas pelo cotidiano, pela fé e pelo esforço de seus antepassados. Em Carmo da Cachoeira , essa máxima foi levada a sério através de uma iniciativa exemplar de preservação e descoberta: o Projeto Partilha . Liderado pela Profª Leonor Rizzi , o projeto destacou-se pelo rigor acadêmico e pela paixão histórica. O intuito era pesquisar a fundo a origem de Carmo da Cachoeira, indo além do óbvio. A investigação buscou a documentação mais longínqua em fontes primárias, estendendo-se desde arquivos em Portugal até registros no Brasil, mantendo contato constante com pesquisadores de centros históricos como Porto , Mariana , Ouro Preto e São Paulo . A metodologia do projeto foi abrangente. Além da consulta a documentos genealógicos digitais, houve um trabalho minucioso nos Livros de Diversas Paróquias e Dioceses . Neste ponto, a colaboração eclesiástica foi fundamental: o clero da Paróq...

Mais Lidas nos Últimos Dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira – de 1815 até 1821

Publicada em 15 de fevereiro de 2008 pela professora Leonor Rizzi , esta tabela acompanha um período curto em anos, mas denso em mudanças: é o momento em que o Brasil deixa de ser apenas colônia para integrar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815), vê a circulação do café avançar sobre Minas, assiste à transformação de capitanias em províncias e presencia o retorno da Corte a Lisboa. Enquanto os livros de história contam esse processo em linhas gerais, aqui o movimento é visto através de lupa: nomes de fazendas, vilas recém-instaladas, estradas requisitadas, inventários, listas de moradores e decisões administrativas que moldam o sul de Minas. Talvez por isso esta tenha se tornado, ao longo dos anos, a tabela mais procurada no site, foram 66.800 acessos: nela se cruzam a visão macro da política imperial e os detalhes concretos de lugares como Campo Lindo , Ponte Falsa , Serra do Carmo da Cachoeira , Varginha ainda chamada Espírito Santo das Catanduvas . O que em manuais ...