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As irmãs gêmeas


Carmo da Cachoeira, São Bento Abade e a fazenda Maranhão.

Deixando para traz, e com profunda gratidão presente nos corações dos cachoeirenses, fica a querida irmã, hoje município de São Bento Abade. Durante mais de um século, permaneceram umbilicalmente ligadas. Inicialmente, o distrito da Boa Vista, posteriormente identificando-se como distrito, no município de Carmo da Cachoeira. A emancipação deu título de maioridade, e capacidade de seguir caminhando com seus próprios recursos, cortando assim o cordão umbilical. Neste século XXI, lemos com alegria e saudade histórias dos idos tempos.

Em 13 de agosto de 1956, o agente do IBGE na cidade, Antônio Batista de Sant’ Ana, registrou: “Nos fins do século XVIII, o Padre Bento Ferreira, dono de importante sesmaria de 3 léguas que, começando no córrego do Palmital, chega até o Rio do Peixe, construiu a actual Capella de São Bento, dando-lhes como patrimônio parte de suas terras. O restante da Sesmaria ficou constituindo a Fazenda do Campo Bello, que até hoje perdura com o mesmo nome. Por morte do Padre Bento, verificada no anno de 1784, ficou a capela em abandono, ou antes, entregue aos cuidados dos pobres moradores daquelles descampados.”

Em 1842, as fazendas mais importantes são descritas pelo Prof. Wanderley em sua obra. Ao estudá-las, percebe-se a grande extensão abrangida pelo distrito, norteada, sobretudo pela imensa sesmaria de propriedade de Padre José Bento Ferreira. Portanto, há que se atentar para o grande latifúndio que compreendia uma sesmaria. Além do núcleo, se é que assim podemos chamar da parte habitada pelas pessoas ligadas ao sesmeiro, tínhamos grandes extensões periféricas pouco vigiadas, tanto por seus donos quanto pelo governo1.

1 – Miranda, 2003.

Comentários

Anônimo disse…
Será que dá prá fazer um história onde Carmo da Cachoeira apareça com personalidade própria? Com uma identidade que realmente a caracteriza e a torne única, neste imenso País - Brasil?
Anônimo disse…
O estudante da Unicamp tem boa cuca. Vamos ver se ele ajuda a gente. O pacote ficará mais leve com mais um pegando. O percurso é longo.
Anônimo disse…
Pode ser irmãos, mas cada um tem seu perfil. Cada um sua história. Carmo da Cachoeira está lutando para reconstruir a sua, pelo que vejo diariamente nesta blog. Voces são muitos e competentes. Vão chegar. Gente de garra, persistente. Uma hora virá a gratificação. Sucesso na empreitada.
Anônimo disse…
Uaí, que história é essa de cidade ter irmã? ora bolas...
Anônimo disse…
"O restante da Semaria ficou (...) Fazenda do Campo Bello". Então vamos conhecer um vizinho, neste imenso território da Comarca do Rio das Mortes. O capitão João Ferreira da Silva é citado no inventário de Joana Izidora Nogueira, segunda mulher do alferes Francisco Martins da Luz, como sendo vizinho da Fazenda Campo Belo, em 18/03/1803. Local do inventário: Fazenda do Rio do Peixe do Campo Belo. Na lista de 1842 arquivada em Lavras, a Fazenda do Rio do Peixe aparece com:José Antonio da Luz; José Ferreira da Luz; José Joaquim da Luz; Francisco Antonio da Luz;Joaquim José Pereira; João Nascimento Branquinho. Na Fazenda Duas Barras tem os "Ferreiras", através de João Ferreira Guimarães; José Ferreira da Silva; Joaquim Ferreira da Silva, Francisco Joaquim de Souza e João José de Carvalho. O Francisco Martins da Luz teve um primeiro casamento com Tereza Maria de Oliveira. Ela é citada também como Tereza Maria de Jesus.
Anônimo disse…
Xi, quanto nome por aqui. Eu que pensava que não tinha quase ningém.

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