O sábado santo foi marcado pelo silêncio. Não houve celebrações. Parecia que tudo acabou sem possibilidades de mudanças. Depois que alguém morre todos os seus projetos ou aqueles que lhe dizem respeito têm fim. Jesus também morreu, levaram- no ao sepulcro. O seu corpo esteve nas mãos de um homem, justo e reto: José de Arimatéia, que O desceu da cruz e O envolveu em um lençol depositando-O no sepulcro, talhado na rocha, onde ainda ninguém havia sido sepultado. Só faltou o embalsamento, envolto em aromas de mirra e aloés. Conservá-Lo intacto era o intento. Uma esperança precária porque no fim nada resiste à consumação do tempo e à sua voracidade. O fecho foi conclusivo e difícil. Foi rolada uma grande pedra contra a porta do túmulo. O Filho de Deus quis compartilhar a sua semelhança conosco até o extremo. Tudo aconteceu há dois mil anos. Jesus Cristo veio ao mundo disposto a ser o maior exemplo de amor e de verdade. Tinha uma proposta de vida não entendida por muitos. Condenaram-no...
Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...