Temos sido testemunhas de uma transformação cultural ao longo dos séculos. Mesmo diante das dificuldades recentes, vejo um espírito de esperança e otimismo emergindo, como brotos novos na primavera, rumo a um futuro cheio de promessas. Lembramos que nossa herança cultural, que sempre foi um espelho da alma humana, parece agora ser ofuscada pela velocidade vertiginosa das mudanças que vivemos. Estamos numa era em que a informação e a tecnologia, frequentemente desprovidas da essência e do vínculo com nossas raízes, estão a moldar um novo rosto para o nosso mundo. As antenas de comunicação, que se espalham por cidades e campos, são símbolos desta mudança. Notamos uma inclinação a se afastar do amor pelas nossas origens, esquecendo-se de que somos todos parte deste “pedacinho de chão”, que deu forma e sentido às nossas vidas. No entanto, graças a Deus, ainda há aqueles entre nós que mantêm aceso o amor e a devoção por este lugar, espalhando luz, amor e os valores essenciais que enobrecem ...
Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...