Pular para o conteúdo principal

Provisão para José de Almeida Naves.

Há 286 anos missionários dos índios, estabelecidos às margens do Rio Tietê conheceram o senhor José de Almeida Naves, fervoroso possuidor da Fazenda denominada pelos índios de "Pirapóra".

Segundo Arceto Metrop, em uma publicação cuja reimpressão teve autorização eclesiastica em 2 de fevereiro de 1930 dada pelo Arcebispo Metropolitano de São Paulo Dom Duarte, para os Cônegos Premonstratenses, que publicaram assim umcompêncio de orações . A provisão obtida para a celebração dos Santos Mistérios na capela da Fazenda Pirapora está descrita nesta obra.
O "documento authentico é conservado no livro de Tombo da Paróquia de Parnayba e foi concebido pela "Autoridade Eclesiastica do Rio de Janeiro".
Eis o documento tal qual se apresenta às folhas 10 e 11 do referido compêndio:

"Diz José de Almeida Naves, morador na Villa em distancia de duas Legoas e meya pouco mais ou menos em o bayro chamado Pirapora, no qual faz a mayor parte do tempo assistencia, e quer nelle, para evitar o detrimento que parece erigir huma capella com a invocação do Bom Jezus para elle com sua família, e tambem a vizinhança de pbres que no seu circuito morão ouvir e satisfazer a obrigaçam de ouvir sem defraudar a seo Parocho, e tambem quer que Vossa Illustrissima a mande benzer e conceder a licença que pede, e mande benzer e conceder-lhe adro e cemitério para sepultura dos mortos e da em dotte da dita Capella duzentos mil réis, e duzentas braças de terra, cinquenta por cada face; portanto pede a Vossa Illustríssima que attendendo ao referido, e por serviço de Deus, e consolação daquella pobreza lhe queira conceder a licença que pede, e mande commissam ao Vigário de Parnahyba, ou a quem Vossa Illustrissima ordenar que, erigida que seja a ditta Capela, a vá benzer e vizitar os paramentos della, eachando serem capazes, uze o supplicante da licença de Vossa Illustríssima e receberá mercê. =
Passe provizam de licença que damos para o supplicante poder fazer huma capella em huma fazenda que tem distante da Villa de Parnahyba duas légoas na comarca de S. Paulo, para nella se dizer missas, e depois de feita será visitada da decencia della pelo Reverendo Vigário da ditta Villa de Parnayba, e achando-a com a decencia necessaria e todo aparamentada, a benzerá e então se uzará della, celebrando-se o sacrifício da missa e toso os que o ouvirem satisfaram ao preceyto. Rio de Janeiro em Cabido de Sé vacante sette de Mayo de mil sette centos e vinte e cinco - Thesoureiro Mór - O Conego Mattos - O Conego Porto.
Projeto Partilha - Leonor Rizzi
1.

Comentários

Abilon Naves disse…
- FAMÍLIA NAVES -
FUNDAÇÃO DA CIDADE DE PIRAPORA DO BOM JESUS

Pirapora, situada à margem do Tietê e entre os morros da Serra do Japi, era um local abaixo de Parnaíba, no sentido do fluxo das águas, assim chamado pelos indígenas em virtude do salto ali existente onde, na piracema, os peixes saltavam a caminho das cabeceiras do rio, para a desova. Embora em priscas eras, a região compreendesse as propriedades de Manuel de Alvarenga, Mateus Luiz Grou e Jácome Nunes, sesmarias a eles concedidas em 1625 pelo Conde de Monsanto, apenas o bandeirante Jácome Nunes morava em Pirapora.

Sua propriedade nos inícios do século XVIII pertencia, por herança, ao casal José de Almeida Naves e Maria de Araújo que ali residia e desenvolvia sua propriedade agrícola. Em 1725[4], à margem do Tietê, onde se localiza atualmente o centro histórico de Pirapora, a família Naves encontrou uma imagem de madeira de Jesus – Ecce Homo – que, recolhida, em virtude dos fatos extraordinários que a cercaram, passou a ser venerada pelos moradores locais e depois por pessoas das localidades vizinhas.

Almeida Naves construiu-lhe uma capela, inaugurada em 1730, que se tornou o ponto de romaria pelos inúmeros relatos de milagres veiculados boca a boca. Essa capela teve, desde o início, acréscimos e remodelações voltadas a sua manutenção e melhor atendimento ao constante crescimento de peregrinos que a visitavam, mas em princípio ainda conserva grande parte de sua estrutura de 1793.

A intensidade de grandes romarias fez com que o lugarejo crescesse para receber mais condignamente os fiéis, máxime na festa do Padroeiro, no dia 6 de agosto. Até os acadêmicos de direito do Largo de São Francisco freqüentavam-na religiosamente. Por ali passou Saint-Hilaire e Hércules Florence, que a retratou.

A capela, elevada a Santuário em 1887 pelo bispo diocesano de São Paulo, D. Lino Deodato de Carvalho, e depois a paróquia, em 28 de dezembro de 1897, por D. Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, era até então administrada pela Matriz de Santana de Parnaíba. O primeiro vigário de Pirapora foi o cônego premonstratense belga Vicente van Tongel.

Em 1892, Pirapora foi elevada a vila e, em 1o. de janeiro de 1960, transformava-se no Município de Pirapora do Bom Jesus, sendo seu primeiro prefeito o Sr. Antônio dos Santos Brito, ex-aluno do Seminário de Pirapora.

Em seu centro histórico de casas baixas e humildes de taipa e depois na colina situada atrás do Santuário em que os romeiros antigamente montavam suas tendas, a Ordem Premonstratense se estabeleceria, em prédio que lhes seria residência e seminário.

Blog Família Naves -
http://familiaresnaves.blogspot.com
Anônimo disse…
Procuro pessoas da familia Mores da cidade do Carmo. Sou descendente dli e não conheço ninguém dali.
Se alguém souber lguma informação agradecia me informassem.
quintadaribalta@yahoo.com.br

Renato Moraes

Mais lidas no site

Tabela Cronológica 10 - Carmo da Cachoeira

Tabela 10 - de 1800 até o Reino Unido - 1815 - Elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves - 1815 ü 30/Jan – capitão Manuel de Jesus Pereira foi nomeado comandante da Cia. de Ordenanças da ermida de Campo Lindo; e ü instalada a vila de Jacuí . 1816 1816-1826 – Reinado de Dom João VI – após a Independência em 1822, D. João VI assumiu a qualidade e dignidade de imperador titular do Brasil de jure , abdicando simultaneamente dessa coroa para seu filho Dom Pedro I . ü Miguel Antônio Rates disse que pretendia se mudar para a paragem do Mandu . 1817 17/Dez – Antônio Dias de Gouveia deixou viúva Ana Teresa de Jesus . A família foi convocada por peritos para a divisão dos bens, feita e assinada na paragem da Ponte Falsa . 1818 ü Fazendeiros sul-mineiros requereram a licença para implementação da “ Estrada do Picu ”, atravessando a serra da Mantiqueira e encontrando-se com a que vinha da Província de São Paulo pelo vale do Paraíba em direção ao Rio de Janeiro, na alt...

A organização do quilombo.

O quilombo funcionava de maneira organizada, suas leis eram severas e os atos mais sérios eram julgados na Aldeia de Sant’Anna pelos religiosos. O trabalho era repartido com igualdade entre os membros do quilombo, e de acordo com as qualidades de que eram dotados, “... os habitantes eram divididos e subdivididos em classes... assim havia os excursionistas ou exploradores; os negociantes, exportadores e importadores; os caçadores e magarefes; os campeiro s ou criadores; os que cuidavam dos engenhos, o fabrico do açúcar, aguardente, azeite, farinha; e os agricultores ou trabalhadores de roça propriamente ditos...” T odos deviam obediência irrestrita a Ambrósio. O casamento era geral e obrigatório na idade apropriada. A religião era a católica e os quilombolas, “...Todas as manhãs, ao romper o dia, os quilombolas iam rezar, na igreja da frente, a de perto do portão, por que a outra, como sendo a matriz, era destinada ás grandes festas, e ninguém podia sair para o trabalho antes de cump...

A família do Pe. Manoel Francisco Maciel em Minas.

A jude-nos a contar a história de Carmo da Cachoeira. Aproveite o espaço " comentários " para relatar algo sobre esta foto, histórias, fatos e curiosidades. Assim como casos, fatos e dados históricos referentes a nossa cidade e região. Próxima imagem: Sete de Setembro em Carmo da Cachoeira em 1977. Imagem anterior: Uma antiga família de Carmo da Cachoeira.

Mais lidas nos últimos 30 dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira – de 1815 até 1821

Publicada em 15 de fevereiro de 2008 pela professora Leonor Rizzi , esta tabela acompanha um período curto em anos, mas denso em mudanças: é o momento em que o Brasil deixa de ser apenas colônia para integrar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815), vê a circulação do café avançar sobre Minas, assiste à transformação de capitanias em províncias e presencia o retorno da Corte a Lisboa. Enquanto os livros de história contam esse processo em linhas gerais, aqui o movimento é visto através de lupa: nomes de fazendas, vilas recém-instaladas, estradas requisitadas, inventários, listas de moradores e decisões administrativas que moldam o sul de Minas. Talvez por isso esta tenha se tornado, ao longo dos anos, a tabela mais procurada no site, foram 66.800 acessos: nela se cruzam a visão macro da política imperial e os detalhes concretos de lugares como Campo Lindo , Ponte Falsa , Serra do Carmo da Cachoeira , Varginha ainda chamada Espírito Santo das Catanduvas . O que em manuais ...

Carmo da Cachoeira de 1800 até 1814

Carmo da Cachoeire: Leonor Rizzi e o poder do conhecimento histórico local Publicado neste site em 5 de fevereiro de 2009, o quadro intitulado “ Tabela Cronológica 9 – de 1800 até o Reino Unido ” , elaborado pela professora Leonor Rizzi , é mais do que uma sequência de datas: é um exercício de reconstrução paciente da história local a partir de vestígios dispersos. Em vez de olhar apenas para o “grande cenário” do Império português e das transformações políticas do início do século XIX, a autora acompanha, em detalhe, o que se passava na região que hoje reconhecemos como Carmo da Cachoeira : fazendas que se consolidam, capelas que se erguem, famílias que se fixam, instituições que se organizam. Esse tipo de pesquisa minuciosa, ancorada em registros paroquiais, inventários, sesmarias e documentação administrativa, devolve à comunidade algo que costuma ser monopolizado pelos manuais escolares: o direito de se reconhecer como sujeito da própria história. Ao relacionar acontecimentos lo...

Leonor Rizzi: O Legado do Projeto Partilha

Um Resgate da Memória de Carmo da Cachoeira A história de um povo é construída não apenas por grandes eventos, mas pelo cotidiano, pela fé e pelo esforço de seus antepassados. Em Carmo da Cachoeira , essa máxima foi levada a sério através de uma iniciativa exemplar de preservação e descoberta: o Projeto Partilha . Liderado pela Profª Leonor Rizzi , o projeto destacou-se pelo rigor acadêmico e pela paixão histórica. O intuito era pesquisar a fundo a origem de Carmo da Cachoeira, indo além do óbvio. A investigação buscou a documentação mais longínqua em fontes primárias, estendendo-se desde arquivos em Portugal até registros no Brasil, mantendo contato constante com pesquisadores de centros históricos como Porto , Mariana , Ouro Preto e São Paulo . A metodologia do projeto foi abrangente. Além da consulta a documentos genealógicos digitais, houve um trabalho minucioso nos Livros de Diversas Paróquias e Dioceses . Neste ponto, a colaboração eclesiástica foi fundamental: o clero da Paróq...

Mais Lidas nos Últimos Dias

Natal, memória e partilha em Carmo da Cachoeira

Talvez uma das coisas de que a professora Leonor Rizzi mais gostasse em Carmo da Cachoeira fossem as festividades cristãs . Via nelas não apenas a beleza dos ritos, mas, sobretudo, o protagonismo e a visibilidade que conferiam às pessoas da comunidade, tantas vezes deixadas à margem da memória histórica e cultural. Graças à homenagem póstuma oferecida pela Câmara Municipal a Dona Leonor, por iniciativa da vereadora Maria Beatriz Reis Mendes (Bia), revisitei a cidade. Confesso que a primeira parada no “ Estação Café com Arte ”, no Bairro da Estação , indicada pela própria vereadora, teve algo de peregrinação afetiva: eu caminhava pelos espaços tentando adivinhar o que, ali, chamaria mais a atenção de Leonor. Foi então que encontrei algo que, tenho certeza, a encantaria: a confecção artesanal do frontão do palco do Auto de Natal deste ano. Naquele trabalho paciente das mãos, na madeira, na tinta e nos detalhes, reconheci o mesmo espírito que atravessava os textos que ela escreveu, n...

Carmo da Cachoeira: o centro cultural Café Estação com Arte

O Bairro da Estação que a Profª Leonor sonhou Hoje, quem chega ao bairro da Estação, em Carmo da Cachoeira , encontra um espaço acolhedor: as antigas ruínas da ferrovia se transformaram em um pequeno centro de cultura e turismo em torno do “ Estação Café com Arte ” . Onde antes havia paredes caindo e abandono, há agora um lugar vivo, que recebe visitantes, conversa com a memória e faz a paisagem respirar de outro modo. Este texto nasce justamente desse contraste: da lembrança de uma Estação em ruínas à experiência recente de rever o local totalmente recuperado, por ocasião da homenagem prestada à professora Leonor Rizzi pela Câmara Municipal , por iniciativa da vereadora cachoeirense Maria Beatriz Reis Mendes (Bia) . A impressão é imediata: poucas coisas a alegrariam tanto quanto ver esse lugar, que a marcou pela ruína, renascer como polo de cultura. Foto original recuperada por IA de Evando Pazzini Para compreender o significado disso, recorremos aos próprios textos de Leonor sobr...

Carmo da Cachoeira – de 1815 até 1821

Publicada em 15 de fevereiro de 2008 pela professora Leonor Rizzi , esta tabela acompanha um período curto em anos, mas denso em mudanças: é o momento em que o Brasil deixa de ser apenas colônia para integrar o Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815), vê a circulação do café avançar sobre Minas, assiste à transformação de capitanias em províncias e presencia o retorno da Corte a Lisboa. Enquanto os livros de história contam esse processo em linhas gerais, aqui o movimento é visto através de lupa: nomes de fazendas, vilas recém-instaladas, estradas requisitadas, inventários, listas de moradores e decisões administrativas que moldam o sul de Minas. Talvez por isso esta tenha se tornado, ao longo dos anos, a tabela mais procurada no site, foram 66.800 acessos: nela se cruzam a visão macro da política imperial e os detalhes concretos de lugares como Campo Lindo , Ponte Falsa , Serra do Carmo da Cachoeira , Varginha ainda chamada Espírito Santo das Catanduvas . O que em manuais ...